domingo, 22 de junho de 2008

sábado, 21 de junho de 2008

Aula 21/06/2008 Maria de Fátima

O Sentido da Escola - Nilda Alves e Regina Leite Garcia


Vive-se, contemporaneamente, uma transformação estrutural mundial muito rápida de novos quadros nos campos econômico, político, científico, estético, sócio-cultural e educativo e, portanto, condicionadora da própria qualidade de vida e da condição humana.

O processo de globalização que vivenciamos tem sido muito baseado e é potenciado pelas novas tecnologias de informação e comunicação que começaram a expandir-se e a popularizar-se por todo o mundo, possibilitando, através da onipresença e da onipotência da informação, o desenvolvimento da consciência de que vivemos num planeta de grandes interdependências, nos campos financeiro.

Faz-nos ganhar consciência de alterações significativas, por exemplo, nos conceitos de espaço (que está encurtado) e de tempo (que está muito acelerado), de centro e de periferia (que se aproximam potencialmente), de vizinhança (que já não se circunscreve apenas ao prédio, à rua, ao bairro ou à zona em que habitamos ou trabalhamos), de público e de privado (que se interpenetram cada vez mais nos nossos quotidianos). Apercebemo-nos, por vezes, que o local também pode estar no global ou influenciar o âmbito global. Esta é uma ordem que começamos a reconhecer porque tem efeitos sobre as nossas vivências do mundo e sobre os nossos comportamentos em todas as suas dimensões e que começa a ser designado de “globalização”, mas que ainda não dominamos nem compreendemos em toda a sua extensão.

Podemos, de fato, constatar grandes assimetrias e disparidades de desenvolvimento humano em todos os países (é certo que nuns mais do que noutros), nos campos e nas cidades, sendo necessário e urgente agir no sentido de uma melhoria, de uma maior concertação, visando o combate eficaz à exclusão social, na qual, a par do combate à fome e à pobreza, o

combate a info-exclusão é também uma das vertentes significativas da sociedade em rede.

O problema da desigualdade e da falta de equidade parece-nos válido qualquer que seja a escala que tomemos: o local, o regional, o nacional, o global. Assim, por oposição a uma concepção de cidadania de representação, emerge a exigência de um exercício de cidadania participativa, fundada numa construção permanente de identidade e de sentido de pertença que não se circunscreva apenas a uma daquelas dimensões.

Impõe-se, assim, a pergunta à quais docentes, discentes, pais, deverão procurar responder em permanência numa perspectiva de educação e desenvolvimento: estará a escola a contribuir para a entrada na sociedade em rede, a desenvolver sentidos e competências para o desenvolvimento de uma nova cultura de aprendizagem e de cidadania?

Favorecendo a aprendizagem auto dirigida, um novo tipo de interações dentro das aulas e da escola e também com outros parceiros. É preciso romper com lógicas adaptativas. É preciso que se concretizem outras perspectivas educacionais que integrem as dimensões

cognitiva, ética e relacional. Todas as dimensões cognitivas da educação/formação global, a científica, a digital, a estética, a ética, a ambiental, a inter e multicultural devem ser vistas numa perspectiva transdisciplinar (que não anula as perspectivas disciplinares, nem as inter ou muldisciplinares, mas que as inter-relacionam) e ser valorizadas num desenho curricular flexível no qual os contextos e projetos de aprendizagem surjam a par dos conteúdos, numa

perspectiva de cidadãos reflexivos.


Desde há muito que a educação persegue e deseja uma aprendizagem menos baseada na transmissão de conhecimentos, mais fundada na indagação, na pesquisa, na busca.

Desde há muito que a educação persegue e deseja uma escola centrada no aluno econhecido como pessoa singular que tem que se individualizar, menos Taylorizada, mais qualificada, mais autônoma, mais inclusiva, mais atrativa, mais atualizada, mais aberta ao trabalho em rede com diversos parceiros, com maior valor social.

Desde há muito que a educação persegue e deseja desenvolver um perfil de aluno menos passivo e contemplativo, mais participante, mais ativo.

Desde há muito que a educação persegue e deseja um professor menos virado para a uniformidade e impessoalidade de práticas, mais disponível para a diversidade e mais disponível para ser co-aprendente.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

18/06/2008 M. Teresa

Relatório de Leitura


Antonio Nóvoa



A participação dos professores é de fundamental importância na consolidação de mudanças que tragam efetivamente uma melhoria da qualidade de ensino em nosso país. Sem ela, sem seu consentimento, seus saberes, seus valores, quaisquer reformas, diretrizes, por melhores que sejam suas intenções, não se consolidam, não se efetivam. Sem o aval dos professores, mudanças não se realizam. Por isso, não é qualquer um que pode ser professor. Por isso também, não é qualquer professor que consegue fazer frente a esses desafios. Não se fará reforma educativa autêntica se não se colocar no centro de suas preocupações as questões relativas à identidade, às condições de trabalho e à profissionalização docente

Para o professor, um desafio. Por que e para que atualizar-se? O que deixou de ser atual em sua prática docente? Atualizar-se em sua área específica? Mudar o método de ensino? Mas sempre fez assim e tem dado certo? Afinal, já não fomos formados para nossa atividade profissional?

Se retomarmos a história das práticas de formação verificaremos que ao longo dos séculos essas práticas mantiveram-se inalteradas quanto a um pressuposto básico: educar é preparar no presente para agir no futuro, o tempo de formação está dissociado do tempo da ação.(NÓVOA, 1988).

Segundo Nóvoa( 1985) esta visão provoca, inevitavelmente, uma outra:

a separação entre os espaços de formação e os espaços de acção.[...] dois tempos, dois espaços, mas também duas lógicas distintas: de um lado, as situações de formação normalmente organizadas segundo uma lógica dos conteúdos a transmitir e das disciplinas a ensinar; de outro lado, as situações de trabalho organizadas segundo uma lógica dos problemas a resolver e dos projetos a realizar. Pelo meio, a questão sempre presente da (im)possibilidade de transfert entre as duas situações: em que medida( e de que modo) as atitudes , as capacidades e os conhecimentos adquiridos durante a formação podem se “mobilizados” numa situação de trabalho?



Este modelo manteve-se protegido até os nossos dias apesar das mudanças ocorridas ao longo dos séculos, especialmente o XIX e o XX, embora muitos de nós, professores, da atualidade, ainda consideremos que nosso trabalho consiste em... moldar a cera mole.

Atualmente, segundo Nóvoa (1985), está em vigor um terceiro movimento de contestação do paradigma escolar de contornos ainda mal definidos que busca uma nova epistemologia da formação fundada especialmente nas histórias de vida e no método (auto)biográfico.



“A abordagem biográfica reforça o princípio segundo o qual é sempre a própria pessoa que se forma e forma-se na medida em que elabora uma compreensão sobre o seu percurso de vida: a implicação do sujeito no seu próprio processo de formação torna-se inevitável. Deste modo, a abordagem biográfica deve ser entendida como uma tentativa de encontrar uma estratégia que permita ao indivíduo-sujeito tornar-se actor do seu processo de formação, através da apropriação retrospectiva do seu percurso de vida.” (NÓVOA, 1985)



Isto implica, segundo Nóvoa, em tornar o docente ator e investigador , criando condições para que a formação se faça na produção do saber e não, como até agora, no seu consumo e que adquira o estatuto de um verdadeiro processo de produção e inovação.



Bibliografia



NÓVOA, Antonio - Diz-me como ensinas, dir-te-ei quem és e vice-versa In A pesquisa em educação e as transformações do conhecimento. Ivani Catarina Arantes Fazenda (org.). Campinas: Papirus, 1995. (p.29/41).

Relatório 30/ 05 2008 M. Teresa

Do ponto de vista teórico e prático, a formação do professor pesquisador se funda na idéia de transformação da natureza da produção de conhecimentos sobre formação de professores e prática pedagógica, na medida em que o professor, sujeito de sua ação e formação, insere-se em processos investigativos sistematizados de sua própria prática.

Esse ponto de vista considera, então, que a formação do professor pesquisador se fundamenta numa dimensão política e epistemológica que pressupõe a ressignificação do papel do professor e da escola. Quando se assume o professor como investigador, abre-se um novo campo de possibilidades, na medida em que haveria também a ressignificação da pesquisa científica e da formação.

Consideramos que essa produção aponta uma crescente conjunção de relações que implicam a rediscussão do papel do professor na pesquisa e na produção de conhecimentos sobre o ensino e dos interesses sobre quando, onde, quem e como se produzem e se usam esses conhecimentos. Com isso, então, o argumento defendido de que a compreensão do processo de produção de conhecimentos sobre o ensino se faz melhor na e com a aproximação das práticas dos professores sustenta a composição dos elementos teórico-metodológicos para a pesquisa sobre formação de professores, validando o saber do professor como base para a pesquisa educacional, legitimando-a. De fato, nesse terreno, como problema e condição necessária, o que importa é levar em conta o papel do professor nesse processo e o lugar que ocupam os seus saberes e seus interesses. A articulação epistemológica, política, social e cultural entre teoria e metodologia o processo é a própria prática ou o que se denomina de uma nova epistemologia da prática docente.

Portanto, é preciso que sejam desenvolvidos novos sentidos, novas teorias que emergem de uma metodologia que pressupõe o diálogo entre o objeto e a sua teorização e, sobretudo, as “invenções” e não as comprovações do já sistematizado. Isso quer dizer o não propósito da produção do conhecimento com/pelo professor ter a responsabilidade com as “soluções” das problemáticas da educação, mas com a construção de novos sentidos, “novas leituras ”, novas práticas a serem problematizadas esistematizadas com novas explicações teórico-práticas. Nessas considerações está presente a proposta de uma pesquisa inventiva e criadora, em que o professor é sujeito e a prática é um contexto produtor de problemas.

Nessa direção a pesquisa em educação se constrói na própria dinâmica de construção da educação como prática social que é. Portanto, as abordagens metodológicas da pesquisa com/sobre/do professor e seu cotidiano se fazem no próprio processo de investigação. A nova epistemologia da prática docente se apresenta interligada a uma reelaboração metodológica. Para tanto a pesquisa é concebida como uma prática de formação e as práticas de formação como instrumentos de investigação. A dimensão formadora do processo de pesquisa com o cotidiano escolar e com a formação docente recusa qualquer abordagem metodológica que se constitua , pois esse cotidiano é singular, plural, efêmero, instável e complexo.

A grosso modo, tencionando perspectivas, subvertendo conceitos e contextos, esses trabalhos discutem caminhos da pesquisa para além da compreensão das questões metodológicas, sobremaneira a dimensão política e ética das relações de interesses e poderes subjacentes à produção científica. Por isso a necessidade de se destacar apontamentos essenciais de pesquisa que sugerem importantes argumentos para a relação pesquisa, formação do professor e prática pedagógica.Considerar que o processo da pesquisa do/no/sobre/com o cotidiano escolar requer abertura diante da complexa tarefa de apreender o real e, por isso, não se pode estar fixado em uma teoria ou em roteiros preestabelecidos, mas permitir que a constituição dessa metodologia surja do movimento da prática que, acima de tudo, exige negociações e mudanças e, necessariamente, transite pelos detalhes e pormenores pouco privilegiados, mas potencialmente “explicativos” da prática docente. O hibridismo e a “insustentável leveza” da dinamicidade dessa abordagem de pesquisa não dispensa a rigorosidade teórico-metodológica inerente à responsabilidade ética, política e social do fazer investigativo.

Nesse sentido, parece posto o desafio de busca de outras formas de pesquisar. Em síntese, tomar o professor e seus saberes em sua prática pedagógica, considerada como espaço/tempo de criação e reinvenção de saberes, reconciliando e superando velhas dicotomias, requer o entendimento de um novo papel para esse sujeito.

As condições para a “pesquisa do professor” são amplas e de natureza diversa, pois estão implicadas num contexto de relações administrativas, organizacionais, interpessoais, pedagógicas e políticas entre saberes e poderes. Consensualmente, a garantia dessas condições indica a possibilidade de a pesquisa se concretizar.



Bibliografia







GERALDI, C.M.G., MESSIAS, M.G.M., GUERRA, M.D.S. – Refletindo com Zeichner: um

encontro orientado por preocupações políticas, teóricas e epistemológicas in

Cartografias do trabalho docente: professor(a)-pesquisador(a). Geraldi, C.M.G.,

Forentini D., Ferreira, E.M.A. (orgs.). Campinas: Mercado das Letras/Associação de eitura do Brasil-ALB, 2003. (p.33/71).

domingo, 15 de junho de 2008

Aula de sábado 14/06 - Maria de Fátima

Acontecimento e resistência: educação menor no cotidiano da escola

Sílvio Gallo



Conjunto das coisas e situações que acontecem na sala de aula e para além da sala os quais podemos chamar de pedagógicos.

Há muitas histórias que poderíamos contar aqui, da nossa prática pedagógica, mas selecionamos uma vivida pelo Niraldo que é a seguinte:

Em 1988 quando ainda lecionava na rede Estadual, um aluno muito quieto e tímido chega em sua casa é diz aos pais: “ Mãe, hoje meu professor resolveu fazer um show de calouros na sala, podia apresentar qualquer número. A mãe sem saber de nada pergunta: Mas o que isso tem de tão importante? O menino com uma voz para dentro disse: Nada, pensedi que fosse importante para você saber o que eu fiz hoje!

Quando a mãe relatou isso ao Niraldo, ele ficou muito chateado com a atitude dela, pois por várias vezes, ele já havia conversado com a mãe e dito da importância do apoio da família no processo ensino-aprendizagem e que várias formas de ajudare poderia ser uma continuidade ao lar, mas a mesma não soube compreender.

Com essa atividade proposta, esse aluno, descobriu que tinha uma grande facilidade em decorar textos e interpretar, mas sua timides não o ajudava.
Durante o processo de desenvolvimento desse aluno, ele a cada dia mais demonstrava uma luta incansável contra sua timides, hoje tem noticia que o mesmo faz parte do grupo de teatro Sia Santa e já fez vários cursos de teatro.



Quando a professora em sala disse que:

A emergência do cotidiano:
Nunca temos controle absoluto sobre os acontecimentos.

O cotidiano nos surpreende sempre.

Ficamos analisando esse acontecimento do Niraldo e refletimos que não sabemos o que tal “acontecimento” pode levar e chegar na vida de nossos alunos.
Refletindo um pouco sobre a fala do Lucas ( aluno do Niraldo ) “...estou cansado de ficar com esses analfabetos”.
Até que ponto estamos mesmo escutando suas reclamações e nos atentando as elas para o lado pedagógico? As vezes somos verdadeiros assassinos por deixar que uma palavra ou frase se perca ao vento, por achar que o “conteúdo” tem que ser passado em sua totalidade. Será que não estamos sendo escravos de nossas próprias práticas?
Ao analisar a forma que hoje a nossa rede vem tentando imbutir conceitos na nossa prática, percebo o descaso para com os governantes em nos escutar e também poder refletir sobre a voz de nossos alunos que são transmitidas a eles através de nós.
Então, controle dos acontecimentos surpreende nas duas posições: Educação Menor e Maior, pois sua relação está inserida diretamente em nossa prática.

O Niraldo afirma que a linha de fuga hoje da educação maior é o chamado PPD. Pois o sistema não tem como resolver tão complexidade, então joga-se para a educação menor a responsabilidade de gerir tais conceitos e mostrar seus resultados através da não evasão e alfabetização dos mesmos, assim, o efeito cascata de um sistema podre e cheio de falhas, recai aos mais retraídos e sem voz para o chamado “povo menor” – professor/aluno.

Bem colegas, esse foi o relatório da aula de sábado dia 14/06.

Niraldo
Cíntia
Analu

sábado, 14 de junho de 2008

POSTER / M. TERESA

“MENINAS E MENINOS NA ESCOLA”
(As relações de gênero e as implicações socio- culturais)
EMEF Maria Pavanatti Fávaro e EMEF Ciro Exel Magro

Ana Lucia Tedeschi Cintia C.A. Magnusson Niraldo Jose da Silva

Especialização: “A Pesquisa e a Tecnologia na Formação Docente”.

Introdução: Acreditamos que a escola é um ambiente no qual travam-se relações que repassam interesses culturais, pois nela vemos a prática da reprodução cultural em que vivemos e como esta atua na constituição dos sujeitos. Assim, acontecem as reafirmações de gênero num determinado padrão de normalidade, onde são apontados os lugares do homem e da mulher.

Objetivo: No presente trabalho temos por objetivo relatar, discutir e refletir sobre as observações feitas pelas a respeito da construção identidade de gênero na escola a partir do testemunho infantil e as implicações frente a segregação de gênero vista como ‘natural’.

Justificativa: Assumir a ousadia de desafiar a ordem desigual propondo acrescentar às atividades da escola, uma “análise anti-androcêntrica”, pela adoção de uma postura crítica e inovadora, para que se constitua num espaço propício de discussão das questões de gênero, voltada para a criação de novos conceitos, pautados na equidade e na valorização humana.

Problema: Temos arraigado alguns conceitos de maneira que não percebemos ou sequer questionamos o porque de repeti-los, nos surpreendemos reproduzindo falas e posturas. Percebe-se, aqui o quanto é difícil e demorado livrar-nos de um processo que tem uma longa história de reprodução e de reafirmação, pois está incutido em nossas ações que o reproduzimos de forma que parece ‘natural’.

Metodologia: A pesquisa será desenvolvida a partir de:
• pesquisa bibliográfica: literatura infantil.
• pesquisa de campo: observação e entrevistas.
A elaboração de relatório pelos alunos para compreender e descrever situações revelando seus significados, retratando o que se passa no dia-a-dia da escola e revelando a complexa rede de interações que constitui a experiência escolar.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Filme/ Maria de Fátima

Aula /09/06/2008

Resumo e Reflexão


“Escritores da Liberdade”, uma história baseada em fatos reais.
Direção Richard LaGravenese
2006

Um filme baseado nas experiências de uma professora idealista, cujo primeiro trabalho é uma sala “recém-integrada”, num país dividido por “guetos”, onde orientais, latinos e negros, conviviam sem se misturarem na escola e no bairro.
A professora percebe que não se misturam, pois se hostilizam o tempo inteiro em aula. Ao mesmo tempo a direção da escola não gosta que os professores “falem” no assunto.
Quando desenham a caricatura de um aluno negro a professora aproveita a deixa para falar que os nazistas, segundo ela a maior gangue da história, também desenhava judeus em jornais, para os desprezarem. Os alunos não sabiam o que foi o holocausto. Ao tentar dar O Diário de Anne Frank para que lessem a diretora proibiu, disse que “estragariam” o livro e não iriam ler. A professora, Dona G, como era chamada pelos alunos, iniciou um trabalho solitário, inclusive com horas extras como recepcionista em um hotel de luxo para pagar livros e jantares aos alunos, para ouvirem histórias com sobreviventes do holocausto. Nas histórias de uma outra repressão os alunos perceberam como todos ali eram reprimidos, e que a cor, os olhos, a crença ou língua, era indiferente na dor.
Num momento a professora coloca uma linha vermelha no chão da sala e pede que todos que gostem de determinado conjunto de rap pisem nela, quase todos pisam, assim ela fez até perguntar “quantos já perderam amigos ou parentes nas guerras de gangues”, neste momento a sala em peso se encontrou na linha. Esta linha que a professora fez, onde os olhares das diferentes gangues se encontraram nos gostos, nas alegrias e na dor, podemos chamar de “Linha da Alteridade”.
Depois estes jovens escreveram diários, leram Anne Frank, conseguiram se ver como sobreviventes de um “holocausto” que estavam ajudando, sem querer, a formar.

O professor Boa Ventura de Souza Santos diz que:

“As pessoas e os grupos sociais têm o direito a serem iguais quando a diferença os inferioriza, e o direito a ser diferentes quando a igualdade os descaracteriza”.

A professora, neste filme baseado em fatos reais, conseguiu fazer com que os alunos se vissem, como: iguais na dor/alegria, mesmo que diversos na cultura/ origens. Ao se verem: perceberam que a guerra entre gangues não fazia sentido. A repressão que se vivia não poderia aumentar mais ainda entre eles, todos ali tinham de alguma forma: sofrido repressão policial, injustiça social, humilhações diversas.
Um dos melhores filmes que já vimos para discutirmos alteridade e paz/violência/repressão/racismo, com nossos jovens.


REFLETINDO

O que faz sair de uma criança que vive em um ambiente problemático e violento, o melhor da arte e da poesia ?

Não é questão de “tirar” da pessoa o que existe de melhor nela, e sim, devolver a ela o que já lhe pertence em seu universo interior, e que foi roubado por inúmeras circunstâncias. É despertar o que há de melhor nela; fazê-la acreditar que ela pode!”“.
A criança/ adolescente, sente falta de amor, de ser alguém para alguém, de pertencer, de existir para uma sociedade, para o seu grupo, para a sua comunidade, para o seu meio de convivência, para nós, para vocês. Ela precisa sentir que é capaz de produzir algo bom; que ela não é fruto do acaso, do desprezo, este é o principal papel da educação!

Analu
Cíntia
Niraldo




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sexta-feira, 6 de junho de 2008

Depoimento