segunda-feira, 16 de junho de 2008

18/06/2008 M. Teresa

Relatório de Leitura


Antonio Nóvoa



A participação dos professores é de fundamental importância na consolidação de mudanças que tragam efetivamente uma melhoria da qualidade de ensino em nosso país. Sem ela, sem seu consentimento, seus saberes, seus valores, quaisquer reformas, diretrizes, por melhores que sejam suas intenções, não se consolidam, não se efetivam. Sem o aval dos professores, mudanças não se realizam. Por isso, não é qualquer um que pode ser professor. Por isso também, não é qualquer professor que consegue fazer frente a esses desafios. Não se fará reforma educativa autêntica se não se colocar no centro de suas preocupações as questões relativas à identidade, às condições de trabalho e à profissionalização docente

Para o professor, um desafio. Por que e para que atualizar-se? O que deixou de ser atual em sua prática docente? Atualizar-se em sua área específica? Mudar o método de ensino? Mas sempre fez assim e tem dado certo? Afinal, já não fomos formados para nossa atividade profissional?

Se retomarmos a história das práticas de formação verificaremos que ao longo dos séculos essas práticas mantiveram-se inalteradas quanto a um pressuposto básico: educar é preparar no presente para agir no futuro, o tempo de formação está dissociado do tempo da ação.(NÓVOA, 1988).

Segundo Nóvoa( 1985) esta visão provoca, inevitavelmente, uma outra:

a separação entre os espaços de formação e os espaços de acção.[...] dois tempos, dois espaços, mas também duas lógicas distintas: de um lado, as situações de formação normalmente organizadas segundo uma lógica dos conteúdos a transmitir e das disciplinas a ensinar; de outro lado, as situações de trabalho organizadas segundo uma lógica dos problemas a resolver e dos projetos a realizar. Pelo meio, a questão sempre presente da (im)possibilidade de transfert entre as duas situações: em que medida( e de que modo) as atitudes , as capacidades e os conhecimentos adquiridos durante a formação podem se “mobilizados” numa situação de trabalho?



Este modelo manteve-se protegido até os nossos dias apesar das mudanças ocorridas ao longo dos séculos, especialmente o XIX e o XX, embora muitos de nós, professores, da atualidade, ainda consideremos que nosso trabalho consiste em... moldar a cera mole.

Atualmente, segundo Nóvoa (1985), está em vigor um terceiro movimento de contestação do paradigma escolar de contornos ainda mal definidos que busca uma nova epistemologia da formação fundada especialmente nas histórias de vida e no método (auto)biográfico.



“A abordagem biográfica reforça o princípio segundo o qual é sempre a própria pessoa que se forma e forma-se na medida em que elabora uma compreensão sobre o seu percurso de vida: a implicação do sujeito no seu próprio processo de formação torna-se inevitável. Deste modo, a abordagem biográfica deve ser entendida como uma tentativa de encontrar uma estratégia que permita ao indivíduo-sujeito tornar-se actor do seu processo de formação, através da apropriação retrospectiva do seu percurso de vida.” (NÓVOA, 1985)



Isto implica, segundo Nóvoa, em tornar o docente ator e investigador , criando condições para que a formação se faça na produção do saber e não, como até agora, no seu consumo e que adquira o estatuto de um verdadeiro processo de produção e inovação.



Bibliografia



NÓVOA, Antonio - Diz-me como ensinas, dir-te-ei quem és e vice-versa In A pesquisa em educação e as transformações do conhecimento. Ivani Catarina Arantes Fazenda (org.). Campinas: Papirus, 1995. (p.29/41).

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