segunda-feira, 16 de junho de 2008

Relatório 30/ 05 2008 M. Teresa

Do ponto de vista teórico e prático, a formação do professor pesquisador se funda na idéia de transformação da natureza da produção de conhecimentos sobre formação de professores e prática pedagógica, na medida em que o professor, sujeito de sua ação e formação, insere-se em processos investigativos sistematizados de sua própria prática.

Esse ponto de vista considera, então, que a formação do professor pesquisador se fundamenta numa dimensão política e epistemológica que pressupõe a ressignificação do papel do professor e da escola. Quando se assume o professor como investigador, abre-se um novo campo de possibilidades, na medida em que haveria também a ressignificação da pesquisa científica e da formação.

Consideramos que essa produção aponta uma crescente conjunção de relações que implicam a rediscussão do papel do professor na pesquisa e na produção de conhecimentos sobre o ensino e dos interesses sobre quando, onde, quem e como se produzem e se usam esses conhecimentos. Com isso, então, o argumento defendido de que a compreensão do processo de produção de conhecimentos sobre o ensino se faz melhor na e com a aproximação das práticas dos professores sustenta a composição dos elementos teórico-metodológicos para a pesquisa sobre formação de professores, validando o saber do professor como base para a pesquisa educacional, legitimando-a. De fato, nesse terreno, como problema e condição necessária, o que importa é levar em conta o papel do professor nesse processo e o lugar que ocupam os seus saberes e seus interesses. A articulação epistemológica, política, social e cultural entre teoria e metodologia o processo é a própria prática ou o que se denomina de uma nova epistemologia da prática docente.

Portanto, é preciso que sejam desenvolvidos novos sentidos, novas teorias que emergem de uma metodologia que pressupõe o diálogo entre o objeto e a sua teorização e, sobretudo, as “invenções” e não as comprovações do já sistematizado. Isso quer dizer o não propósito da produção do conhecimento com/pelo professor ter a responsabilidade com as “soluções” das problemáticas da educação, mas com a construção de novos sentidos, “novas leituras ”, novas práticas a serem problematizadas esistematizadas com novas explicações teórico-práticas. Nessas considerações está presente a proposta de uma pesquisa inventiva e criadora, em que o professor é sujeito e a prática é um contexto produtor de problemas.

Nessa direção a pesquisa em educação se constrói na própria dinâmica de construção da educação como prática social que é. Portanto, as abordagens metodológicas da pesquisa com/sobre/do professor e seu cotidiano se fazem no próprio processo de investigação. A nova epistemologia da prática docente se apresenta interligada a uma reelaboração metodológica. Para tanto a pesquisa é concebida como uma prática de formação e as práticas de formação como instrumentos de investigação. A dimensão formadora do processo de pesquisa com o cotidiano escolar e com a formação docente recusa qualquer abordagem metodológica que se constitua , pois esse cotidiano é singular, plural, efêmero, instável e complexo.

A grosso modo, tencionando perspectivas, subvertendo conceitos e contextos, esses trabalhos discutem caminhos da pesquisa para além da compreensão das questões metodológicas, sobremaneira a dimensão política e ética das relações de interesses e poderes subjacentes à produção científica. Por isso a necessidade de se destacar apontamentos essenciais de pesquisa que sugerem importantes argumentos para a relação pesquisa, formação do professor e prática pedagógica.Considerar que o processo da pesquisa do/no/sobre/com o cotidiano escolar requer abertura diante da complexa tarefa de apreender o real e, por isso, não se pode estar fixado em uma teoria ou em roteiros preestabelecidos, mas permitir que a constituição dessa metodologia surja do movimento da prática que, acima de tudo, exige negociações e mudanças e, necessariamente, transite pelos detalhes e pormenores pouco privilegiados, mas potencialmente “explicativos” da prática docente. O hibridismo e a “insustentável leveza” da dinamicidade dessa abordagem de pesquisa não dispensa a rigorosidade teórico-metodológica inerente à responsabilidade ética, política e social do fazer investigativo.

Nesse sentido, parece posto o desafio de busca de outras formas de pesquisar. Em síntese, tomar o professor e seus saberes em sua prática pedagógica, considerada como espaço/tempo de criação e reinvenção de saberes, reconciliando e superando velhas dicotomias, requer o entendimento de um novo papel para esse sujeito.

As condições para a “pesquisa do professor” são amplas e de natureza diversa, pois estão implicadas num contexto de relações administrativas, organizacionais, interpessoais, pedagógicas e políticas entre saberes e poderes. Consensualmente, a garantia dessas condições indica a possibilidade de a pesquisa se concretizar.



Bibliografia







GERALDI, C.M.G., MESSIAS, M.G.M., GUERRA, M.D.S. – Refletindo com Zeichner: um

encontro orientado por preocupações políticas, teóricas e epistemológicas in

Cartografias do trabalho docente: professor(a)-pesquisador(a). Geraldi, C.M.G.,

Forentini D., Ferreira, E.M.A. (orgs.). Campinas: Mercado das Letras/Associação de eitura do Brasil-ALB, 2003. (p.33/71).

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