sábado, 21 de junho de 2008

Aula 21/06/2008 Maria de Fátima

O Sentido da Escola - Nilda Alves e Regina Leite Garcia


Vive-se, contemporaneamente, uma transformação estrutural mundial muito rápida de novos quadros nos campos econômico, político, científico, estético, sócio-cultural e educativo e, portanto, condicionadora da própria qualidade de vida e da condição humana.

O processo de globalização que vivenciamos tem sido muito baseado e é potenciado pelas novas tecnologias de informação e comunicação que começaram a expandir-se e a popularizar-se por todo o mundo, possibilitando, através da onipresença e da onipotência da informação, o desenvolvimento da consciência de que vivemos num planeta de grandes interdependências, nos campos financeiro.

Faz-nos ganhar consciência de alterações significativas, por exemplo, nos conceitos de espaço (que está encurtado) e de tempo (que está muito acelerado), de centro e de periferia (que se aproximam potencialmente), de vizinhança (que já não se circunscreve apenas ao prédio, à rua, ao bairro ou à zona em que habitamos ou trabalhamos), de público e de privado (que se interpenetram cada vez mais nos nossos quotidianos). Apercebemo-nos, por vezes, que o local também pode estar no global ou influenciar o âmbito global. Esta é uma ordem que começamos a reconhecer porque tem efeitos sobre as nossas vivências do mundo e sobre os nossos comportamentos em todas as suas dimensões e que começa a ser designado de “globalização”, mas que ainda não dominamos nem compreendemos em toda a sua extensão.

Podemos, de fato, constatar grandes assimetrias e disparidades de desenvolvimento humano em todos os países (é certo que nuns mais do que noutros), nos campos e nas cidades, sendo necessário e urgente agir no sentido de uma melhoria, de uma maior concertação, visando o combate eficaz à exclusão social, na qual, a par do combate à fome e à pobreza, o

combate a info-exclusão é também uma das vertentes significativas da sociedade em rede.

O problema da desigualdade e da falta de equidade parece-nos válido qualquer que seja a escala que tomemos: o local, o regional, o nacional, o global. Assim, por oposição a uma concepção de cidadania de representação, emerge a exigência de um exercício de cidadania participativa, fundada numa construção permanente de identidade e de sentido de pertença que não se circunscreva apenas a uma daquelas dimensões.

Impõe-se, assim, a pergunta à quais docentes, discentes, pais, deverão procurar responder em permanência numa perspectiva de educação e desenvolvimento: estará a escola a contribuir para a entrada na sociedade em rede, a desenvolver sentidos e competências para o desenvolvimento de uma nova cultura de aprendizagem e de cidadania?

Favorecendo a aprendizagem auto dirigida, um novo tipo de interações dentro das aulas e da escola e também com outros parceiros. É preciso romper com lógicas adaptativas. É preciso que se concretizem outras perspectivas educacionais que integrem as dimensões

cognitiva, ética e relacional. Todas as dimensões cognitivas da educação/formação global, a científica, a digital, a estética, a ética, a ambiental, a inter e multicultural devem ser vistas numa perspectiva transdisciplinar (que não anula as perspectivas disciplinares, nem as inter ou muldisciplinares, mas que as inter-relacionam) e ser valorizadas num desenho curricular flexível no qual os contextos e projetos de aprendizagem surjam a par dos conteúdos, numa

perspectiva de cidadãos reflexivos.


Desde há muito que a educação persegue e deseja uma aprendizagem menos baseada na transmissão de conhecimentos, mais fundada na indagação, na pesquisa, na busca.

Desde há muito que a educação persegue e deseja uma escola centrada no aluno econhecido como pessoa singular que tem que se individualizar, menos Taylorizada, mais qualificada, mais autônoma, mais inclusiva, mais atrativa, mais atualizada, mais aberta ao trabalho em rede com diversos parceiros, com maior valor social.

Desde há muito que a educação persegue e deseja desenvolver um perfil de aluno menos passivo e contemplativo, mais participante, mais ativo.

Desde há muito que a educação persegue e deseja um professor menos virado para a uniformidade e impessoalidade de práticas, mais disponível para a diversidade e mais disponível para ser co-aprendente.

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